Se tem uma coisa que eu já aprendi nessa vida (to tentando colocar em prática) é deixar as pessoas que eu amo sempre com palavras carinhosas, porque, já dizia William Shakespeare: “pode ser a última vez que as vejamos”. Isso é cem por cento verdade, e se a gente pensasse mais à respeito, poderíamos evitar muita dor e arrependimento pelo não dito (ou pelo mal dito). A gente nunca imagina, nunca passa pela nossa cabeça, quando pode ser a nossa última vez com alguém. Você aí, que tem um namorado, marido, um filho, pai e mãe vivos, um amigo inseparável, um amor impossível ou alguém de quem você goste de verdade... Já imaginou que qualquer minuto e instante e segundo pode ser o último? O risco é inevitável. “Até quando?” é uma pergunta sem resposta. Sabemos que existimos, mas essa nossa existência é só uma viagem, uma passagem.
A gente tem validade sim, uma validade que desconhecemos e só cabe ao destino deixar tudo acontecer na hora certa. E até o amor que sentimos tem validade. Lembre-se de quantos “eu te amo” você já disse na vida. Talvez metade desses amores já tenham sido destruídos pelo tempo, distância, desgaste, rotina... Ou separados pelas próprias circunstâncias da vida. Ou já tenham morrido amassados por um dos lados, que simplesmente não amou (amor não é de alma, é entre almas). Não. Definitivamente: não é só a morte que separa. Se fosse assim, seria mesmo muito belo, do jeitinho que o padre e Deus querem que seja. Mas infelizmente, meu caro, os sentimentos são tão vulneráveis que qualquer pedrinha no caminho, faz e desfaz o amor. Constrói e desconstrói. Tudo rápido assim, com a velocidade da luz.
É. Com a mesma velocidade com que o Palace II desmoronou. Com a mesma velocidade com que as torres gêmeas desabaram. Com a mesma velocidade com que o avião da TAM bateu no prédio da própria TAM e matou 197 pessoas. Uma mãe que permitiu que suas duas únicas filhas viajassem com a avó para o exterior nunca imaginou que ficaria órfã e perderia seus maiores tesouros. Nunca imaginou que aquela despedida acompanhada de beijos e muitos “Volta logo, que eu vou morrer de saudade!” seria o último “adeus”, o último beijo, o último abraço, o último EU TE AMO. Se a gente um dia vai ou não ter a chance de reencontrar quem já se foi em outro plano, outra vida ou outro engano... Isso é incerto. O que a gente tem que fazer é viver cada minuto como se fosse o último.
E não foi só a vida dessas 197 pessoas que acabou ali, junto aos destroços do avião, junto ao fogo e à tristeza. E os amigos, o namorado, a esposa, os filhos!? Cada morte leva embora junto consigo muitos sonhos, planos, amores... Muitos desses poderiam ser eternos. Ou não. É importante lembrar que, o que é de verdade não se apaga assim. A gente não sabe o que nos espera depois dessa vida, a gente não sabe se a nossa vidinha tosca vai acabar na próxima esquina. A gente também não sabe se teremos a chance de dizer a quem amamos um último adeus. E nem sabemos se nossa existência é vã ou não. Sabemos quem somos e o que sentimos, mas não sabemos até quando. É por isso que eu desejo a você, caro leitor, sentimentos sinceros e duradouros. Eu desejo que você viva intensamente cada minuto pra, que não ao morrer, descubra que não viveu. E que você ame com toda força que seu coração tiver, até o último instante. Até o último instante de eternidade...