Gente que se emociona todo dia. Gente que chora e ri e não sabe o motivo. Gente que chora e ri ao mesmo tempo, mas que ri de quase tudo. Gente que faz brincadeira idiota, gente que parece meio doida, mas no fundo sabe muito bem o que quer. Sou gente que escreve escutando Belle and Sebastian (como agora). Gente que tem gastura de piercings no umbigo (!!!), de gente que conversa cutucando (embora eu também cutuque de vez em quando) e mais gastura ainda de que cortem minhas próprias unhas dos pés (???).
Gente que pinta a unha antes de ir dormir e acorda com ela toda amassada e nunca aprende a lição. Gente que passa lápis todo dia e que, de vez em quando, tem inflamação nos olhos por causa disso. Gente que tem os pés no chão e a cabeça nas nuvens. Gente que quer ser independente e não sonha mais em casar, por achar (e às vezes até ter certeza) que nunca vai encontrar alguém com os mesmos planos, idéias e ideais. Gente que já deixou de acreditar em muita coisa e que, muito cedo viveu coisa de gente grande, mas nunca reclamou disso. (Ela bem que queria ser grande). Gente que tem coragem pra questionar o Deus, o amor, pra questionar a vida e questionar os outros, mas que morre de medo quando o assunto é si mesma.
Gente que muda de humor mil vezes durante o dia e que tem sérios problemas quanto a choques de felicidade aguda e incontrolável, repentinamente. Gente que nem sempre sabe do que está falando, que gagueja de vez em quando e que vive com um “o quê?” na boca, pra ganhar tempo pra pensar no que vai responder. Gente que fala sem pensar, que age por impulso todas às vezes e, por incrível que pareça, às vezes até faz a coisa certa. Gente que tem dó de pouca gente e que chora baixinho antes de dormir de vez em quando pensando o que seria da sua vida sem seus pais. Gente meio boba, meio burra. Às vezes muito sentimental e outras vezes muito fria e calculista. Gente como você. Gente como a gente, que tem um monte de caras, um monte de risadas (da mais escandalosa até aquela do tipo “nem teve graça...”). Gente que tem sua própria personalidade e não é nada influenciável. Gente que sente saudade, raiva, alegria, tristeza (às vezes tudo ao mesmo tempo). Gente que não tem sangue de barata. Não tem teto de vidro. E que aprendeu a não estar nem aí pra quem não tá aqui, me tolerando desses tantos modos.
Esse texto é pra quem tá aqui. Comigo. É pro meu pai e pra minha mãe, que me amam incondicionalmente, mesmo sabendo que eu não sou fácil. Sabendo dos meus venenos, das minhas angústias, dos meus milhões de defeitos, dos meus perigos, dos meus amores. Meus pais são minha única certeza. Eles sim. Sabem de tudo. Sempre souberam. Sempre fizeram parte. E sempre vão estar aqui. Sabendo das minhas fraquezas, medos, crises. Conhecendo meu sono e meu sonho e lutando pela minha felicidade tanto ou mais que eu mesma. Sabendo da minha gula com comida gostosa e das minhas manias mais idiotas. Mas sabendo ainda que, apesar de tudo isso, amor dentro de mim eu tenho!