Não sei se abro os olhos para os tons do mundo ou se os mantenho fechados e me declaro eternamente virgem da vida. Não sei se entro em jejum por dias, semanas, meses, pela vida inteira, ou se engulo tudo de uma vez só. Não sei se espero a largada e por fim me comporto como gente sã que não sou ou se fujo agora mesmo e sem deixar pistas. Não sei se participo do jogo, se cumpro as regras, se entro na fila de qualquer migalha, se danço conforme a música ou se finalmente explodo nessas minhas cores que têm o péssimo costume de irritar os olhos de quem me vê. Minhas cores são luminosas e não fazem bem às retinas comuns como a sua. Preciso de uma pupila dilatada que vai, silenciosamente, me entender, sem fazer o menor ruído. Preciso de um coração pelo avesso que me ajude a fotografar a vida. Porque não sou eufônica, sou eufórica. Não sou dosada, não sei ter medidas, não sei quando parar e corro demais. Tenho todas as cores que existem no universo dentro de mim.
Preciso da minha caneta de fru-fru rosa e do meu caderno novo com desenho de bichinhos coloridos, pra simplesmente te contar.