Você desenha a nossa história no meu tempo Traça, reta por reta, o seu calor no meu contorno E às vezes rabisca
De vez em quando você acorda Mas quase sempre está sonhando Te admiro e só
Se perde no mundo da lua, amor Quando for preciso, eu juro que vou te acordar Se perde comigo pra sempre?
Só não me traga de volta...
Você contorna o que eu sinto com as cores mais bonitas Torna o que eu digo a poesia dos céus Entorna em mim todo o seu amor E me afoga
Prendo a respiração porque o que é seu me inunda Um, dois, três, quatro, cinco e até o infinito Preciso de você tanto quanto preciso de ar
O que será de mim?
Você sobra em mim, pode acreditar Esse caso não cabe na sorte Mas cabe na letra
Não, não, não! Não perca a fé, não A gente ainda vai ser eu e você Tudo ainda vai ficar para um dia qualquer E o amor, se quiser, pode até ficar pra sempre
E que fique assim, bem doce...
Então me embaraça, me descontrola Me enrola, me esgota Até me usa Se rasgar, você costura
Usa o seu tato naquilo que não se vê Porque é no invisível que mora o mais importante Anota e não esquece Amo você
Silencia aqui o que já não precisa ser dito Termina assim, reticente, o nosso verso Te calo em mim, porque sempre haverá mais de você
Tenho um verso que não cabe na poesia Minhas horas já não cabem no dia Meu coração bate dentro e fora Não me agüento aqui em mim e vou embora
Tenho um segredo que não se cala aqui Tenho uma lembrança que não cabe na memória Dentro de mim há um desejo de tarde vazia E a solidão já não cabe na sua companhia
Tenho um desenho que não cabe na folha Uma cor que não colore o papel Tenho uma dor que não tem nome Mas eu disfarço com tinta e pincel
Tenho uma palavra que não cabe na frase Meu sujeito não se encaixa na sua oração Tenho um sonho que cheira à palavra Mas isso fica por conta da nossa emoção
Tenho um amor que não cabe no peito Não cabe no tempo e nem na saudade Não cabe nem mesmo na vida, mas é perfeito E é em nome dele que eu vivo, é verdade
Por esse amor é que eu escrevo Pra transformar em letra aquilo que não tem tamanho As coisas mais lindas são assim Imensuráveis
De agora em diante, o coração não bate apenas por aqui. Escrevo para a seção ESTADOS DO BRASIL e faço a supervisão da Revista Betim Cultural, destinada à leitores conscientes. A RBC é um projeto idealizado pelo Tiago Henrique, músico, vocalista da Banda Nostreis, poeta e compositor formado em Letras, e manifesta a cultura regional através de autores interessados em popularizar filosofias, poesias, músicas e conhecimentos em geral.
Abaixo, o meu texto de agosto na íntegra. É possível visualizar todo o conteúdo da revista na versão online, no site.
MINAS GERAIS Capital: Belo Horizonte
É impossível se lembrar de Minas Gerais e não pensar em pôr-do-sol na montanha, pão de queijo na mesa forrada pela toalha xadrez, igrejas gloriosas que acendem a luz dos olhos e sorriso estampado no rosto de um povo conhecido, por toda parte, pela alma acolhedora e o coração quente. Sendo o quarto estado de maior extensão territorial, palco de tantas histórias e cenário de tantas culturas, Minas é um mosaico.
A riqueza cultural salta aos olhos: o estado carrega uma história bonita para contar, cantar e encantar. Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Carlos Drummond, Adélia Prado e outros escritores mineiros contemplam o mundo com palavras bonitas que traduzem aquilo que os olhos não mentem. Na música, é indiscutível o quanto o estado cativa públicos fiéis do formoso samba, do chorinho, da querida bossa nova, do pop, do rock e, finalmente, da tão amada MPB, citando nomes como Skank, Jota Quest, Pato Fu, Milton Nascimento, Ana Carolina e tantos outros. Incontáveis talentos conhecidos e reconhecidos carregam no peito a bandeira que defende a liberdade. A religiosidade é marcante nas festas alegremente folclóricas e tradicionalmente esperadas, como Festa Junina, Folia de Reis, Festa do Divino, congado e cavalhada. O artesanato é encontrado por toda parte e a cozinha tem cheiro e tempero inconfundíveis, muito bem simbolizados pelo tutu com lombo de porco, a costelinha de porco, o leitão à pururuca, o feijão tropeiro, a lingüiça com couve, o angu, o frango com quiabo e os tantos doces sobre a mesma mesa forrada por toalha xadrez. Cidades turísticas recebem olhares atentos de toda parte, e ficam tatuadas no coração dos turistas com doces lembranças que fazem cantar: Óh, Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais!