domingo, 22 de agosto de 2010

MENSURANDO




Tenho um verso que não cabe na poesia
Minhas horas já não cabem no dia
Meu coração bate dentro e fora
Não me agüento aqui em mim e vou embora

Tenho um segredo que não se cala aqui
Tenho uma lembrança que não cabe na memória
Dentro de mim há um desejo de tarde vazia
E a solidão já não cabe na sua companhia

Tenho um desenho que não cabe na folha
Uma cor que não colore o papel
Tenho uma dor que não tem nome
Mas eu disfarço com tinta e pincel

Tenho uma palavra que não cabe na frase
Meu sujeito não se encaixa na sua oração
Tenho um sonho que cheira à palavra
Mas isso fica por conta da nossa emoção

Tenho um amor que não cabe no peito
Não cabe no tempo e nem na saudade
Não cabe nem mesmo na vida, mas é perfeito
E é em nome dele que eu vivo, é verdade

Por esse amor é que eu escrevo
Pra transformar em letra aquilo que não tem tamanho
As coisas mais lindas são assim
Imensuráveis