sexta-feira, 17 de junho de 2011

GOIABADA COM QUEIJO



Cada geração traz consigo um amontoado de jeitos e trejeitos típicos. O tempo passa e tudo se renova. Os novos mocinhos fazem do mundo o cenário para suas ambições, seus modismos e sua vida moderninha. Até os sentimentos se confundem nessa dança estranha que leva embora tudo o que já foi. Nesse contexto, o amor também já mudou de face.

Houve uma época em que amor tinha gosto de goiabada com queijo. Amor se resumia em música romântica tocando no rádio, em cartas que sussurravam palavras bonitas e na emoção da tão esperada dança de rosto colado. Amor era beijinho doce, abraço apertado, suspiro dobrado e... Não, eu infelizmente não sou dessa época.

O mundo, de tanto girar, fez com que os conceitos se invertessem e os velhos costumes fossem deixados de lado. A geração mais cool do momento derrama seus sentimentos sintéticos e efêmeros em páginas da internet e se aventura em romances rápidos e polêmicos. As declarações dos enamorados são altamente parecidas, o que nos leva a crer que o amor de hoje já não é um sentimento inigualável, imensurável, mágico, encantador. Pelo contrário: é algo comum, sentido por todos exatamente da mesma maneira. Afinal, o que todos querem? Amor eterno, infinito, verdadeiro, forever e outras variações.

Vou mudar um pouco. Chega dessa ideia de amor infinito. Quero amor infinitivo. Sem maiores complicações. Sem muitos complementos. Sem essas declarações públicas de afetos tão pouco duradouros. Sem esse sentimento escancarado, dilatado e sem mistérios. Não. Eu quero o mistério. Quero essa dança lenta em que se desvenda o que se sente, pouco a pouco. Isso é bonito. Não quero um amor do dia pra noite que é eterno durante uma semana. Cansei dos sentimentos de veneta. Quero um amor simplesinho que divida, com linha tênue, o outro de mim.