Em tempos onde o que mais se busca é um pouco de paz, trato de fazer aqui uma confissão estranha: sou urbana.
Gosto da vida agitada, do som da cidade e das oportunidades que ela traz. Gosto do tumulto, da pressa e da sensação de dever cumprido ao chegar em casa. Gosto de saber que, por toda parte, há gente de todo o tipo. Gosto desse ritmo ofegante e barulhento. Admiro os prédios de altura aparentemente inatingível. Participo dessa velocidade, da engrenagem do mundo moderno. Sinto-me bem em estar cansada ao final do dia por saber que fiz tudo o que tinha pra ser feito. Acho bom acordar e perceber que a metrópole já se levantou faz tempo. É legal pensar que cada um de nós toma rumos diferentes, mas que todos são imprescindíveis para conferir à vida urbana o seu sentido vital: o movimento.
Bem sei que todos precisam de paz. E dela não abro mão. A paz é aquela que deve me tirar da rotina. Calma é o que se procura pra escapar do tumulto, fugir da multidão. Sei que isso é necessário. Mas, por fim, declaro: o meu dia-a-dia, a minha verdade e o meu sossego moram onde tudo acontece.