O dicionário diz:
Amor: Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem; Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro, ou a uma coisa.
Paixão: Sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão; Amor ardente; Inclinação afetiva e sensual intensa; Entusiasmo muito vivo por alguma coisa; Atividade, hábito ou vício dominador.
O meu coração pode até, vez ou outra, se confundir. Mas o Aurélio não mente. Paixão e amor: qual seria a diferença? Onde será que termina um e começa o outro? Ou será que os dois sentimentos são inseparáveis e confundíveis?
Fomos habituados a entender a paixão com uma certa vulnerabilidade. Estou errada? Uma ardência efêmera que vai embora com a mesma facilidade, rapidez e descontrole com que chega. Paixão é o diagnóstico que nossos pais fazem de tudo o que sentimos enquanto somos jovens. Pela vida, pelo outro, pelo que fazemos, por um ídolo ou pelo que quer que seja: é sempre a paixão avassaladora, inconseqüente, atrapalhada e muitas vezes até errante. Dignos de se apaixonar, com toda a intensidade que a paixão carrega. Com direito a todos os sonhos impossíveis, malucos, incoerentes. Com toda a pressa e o suor da juventude. De todo o coração.
Mais tarde, nos tornamos adultos e ganhamos o direito de amar. Afinal, amar seria algo sério demais pra nossos coraçõezinhos pequenos que, aos olhos do mundo, mal sabem distinguir um sentimento do outro. Agora sim, amamos de verdade. O amor sim é seguro, é calmo, é tranqüilo, é pra sempre. Não é assim que a gente aprende? O amor é pacífico, saudável, tolerante, tem chances de ser eterno e pede casamento, compromisso, hora e encontro marcado. Dignos de amar, com toda a serenidade e seriedade que o amor carrega. Com direito à amizade, companheirismo e fidelidade pra vida toda. Até o fim da trilha. E com todo o comprometimento da maturidade.
Fomos ensinados que a paixão vai embora e deixa apenas o amor. Sozinho na estação esperando um trem que nunca chega. O amor ali, plantado. Esperando algo que o faça sentir e que desperte o que quer que seja. E a paixão nunca mais volta, leva embora consigo tudo o que é belo, novo, encantador. É assim a vida cônjuge da maioria dos casais. E é assim mesmo que todo mundo diz que tem que ser. Se fica o amor, as pessoas continuam juntas, mesmo sem intensidade, sem pressa, sem loucura, sem inconseqüência. É um sentimento maduro, livre das turbulências, dos encontros e desencontros inesperados, das surpresas, dos beijos intermináveis. É uma convivência monótona que, lá fundo muitas vezes carrega consigo um desejo de libertação. Não seria vontade de libertar-se do outro, mas de libertar-se daquela mesma realidade que persegue há anos sem mudança. Sem nada acontecer sem que haja milhões de planos ou agendas de mil folhas. É uma repreensão quase absoluta, um verdadeiro cárcere.
Conheço alguém cujas idéias são realmente revolucionárias e inusitadas que me disse que não acredita no amor pela companheira. Mas que acredita em algo muito maior: a paixão. Apaixonar-se todos os dias pela mesma mulher. Parece lindo até aí, não é? Mas não amá-la. Parece rude e até meio “animal”, certo? À primeira vista, entendemos a paixão como algo unicamente instintivo. E talvez até seja. Confesso que a princípio a idéia me chocou e eu preferi nem pensar a respeito pra não correr o risco de concordar, porque seria duro desacreditar no amor pelo ser tão procurado, essa tal alma-gêmea.
Será que essa paz de quem ama não seria justamente quem tira a euforia da paixão? Será que não é justamente o amor que faz as relações perderem o ápice, a inquietude, a loucura, o desejo, a tentação, a perdição? Será que o amor não é mesmo o encontro errado e marcado quando, na verdade, o que sustenta a relação é justamente o imprevisível? Que ironia se for mesmo assim! Logo o amor que é o que a gente mais procura, é o assassino cruel das emoções. O Aurélio mesmo confirmou que a paixão é um amor ardente. Então, a paixão é mais que amor. É o complemento do amor que, quando morre, reduz todas as reticências à simples pontos finais. Noites nunca mais serão mal-dormidas, regadas de insensatez. Dias não mais serão cheios de saudade e ansiedade para a noite que está por vir. Porque essa noite será como todas as outras. De sono. E não mais de sonho. Quem ama respira enquanto quem se apaixona – e o melhor, se apaixona todo dia – sempre, sempre inspira.
Então eu grito:
AFRODITE: TRAGA-NOS DE VOLTA A INS-PIRAÇÃO!
Paixão: Sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão; Amor ardente; Inclinação afetiva e sensual intensa; Entusiasmo muito vivo por alguma coisa; Atividade, hábito ou vício dominador.
O meu coração pode até, vez ou outra, se confundir. Mas o Aurélio não mente. Paixão e amor: qual seria a diferença? Onde será que termina um e começa o outro? Ou será que os dois sentimentos são inseparáveis e confundíveis?
Fomos habituados a entender a paixão com uma certa vulnerabilidade. Estou errada? Uma ardência efêmera que vai embora com a mesma facilidade, rapidez e descontrole com que chega. Paixão é o diagnóstico que nossos pais fazem de tudo o que sentimos enquanto somos jovens. Pela vida, pelo outro, pelo que fazemos, por um ídolo ou pelo que quer que seja: é sempre a paixão avassaladora, inconseqüente, atrapalhada e muitas vezes até errante. Dignos de se apaixonar, com toda a intensidade que a paixão carrega. Com direito a todos os sonhos impossíveis, malucos, incoerentes. Com toda a pressa e o suor da juventude. De todo o coração.
Mais tarde, nos tornamos adultos e ganhamos o direito de amar. Afinal, amar seria algo sério demais pra nossos coraçõezinhos pequenos que, aos olhos do mundo, mal sabem distinguir um sentimento do outro. Agora sim, amamos de verdade. O amor sim é seguro, é calmo, é tranqüilo, é pra sempre. Não é assim que a gente aprende? O amor é pacífico, saudável, tolerante, tem chances de ser eterno e pede casamento, compromisso, hora e encontro marcado. Dignos de amar, com toda a serenidade e seriedade que o amor carrega. Com direito à amizade, companheirismo e fidelidade pra vida toda. Até o fim da trilha. E com todo o comprometimento da maturidade.
Fomos ensinados que a paixão vai embora e deixa apenas o amor. Sozinho na estação esperando um trem que nunca chega. O amor ali, plantado. Esperando algo que o faça sentir e que desperte o que quer que seja. E a paixão nunca mais volta, leva embora consigo tudo o que é belo, novo, encantador. É assim a vida cônjuge da maioria dos casais. E é assim mesmo que todo mundo diz que tem que ser. Se fica o amor, as pessoas continuam juntas, mesmo sem intensidade, sem pressa, sem loucura, sem inconseqüência. É um sentimento maduro, livre das turbulências, dos encontros e desencontros inesperados, das surpresas, dos beijos intermináveis. É uma convivência monótona que, lá fundo muitas vezes carrega consigo um desejo de libertação. Não seria vontade de libertar-se do outro, mas de libertar-se daquela mesma realidade que persegue há anos sem mudança. Sem nada acontecer sem que haja milhões de planos ou agendas de mil folhas. É uma repreensão quase absoluta, um verdadeiro cárcere.
Conheço alguém cujas idéias são realmente revolucionárias e inusitadas que me disse que não acredita no amor pela companheira. Mas que acredita em algo muito maior: a paixão. Apaixonar-se todos os dias pela mesma mulher. Parece lindo até aí, não é? Mas não amá-la. Parece rude e até meio “animal”, certo? À primeira vista, entendemos a paixão como algo unicamente instintivo. E talvez até seja. Confesso que a princípio a idéia me chocou e eu preferi nem pensar a respeito pra não correr o risco de concordar, porque seria duro desacreditar no amor pelo ser tão procurado, essa tal alma-gêmea.
Será que essa paz de quem ama não seria justamente quem tira a euforia da paixão? Será que não é justamente o amor que faz as relações perderem o ápice, a inquietude, a loucura, o desejo, a tentação, a perdição? Será que o amor não é mesmo o encontro errado e marcado quando, na verdade, o que sustenta a relação é justamente o imprevisível? Que ironia se for mesmo assim! Logo o amor que é o que a gente mais procura, é o assassino cruel das emoções. O Aurélio mesmo confirmou que a paixão é um amor ardente. Então, a paixão é mais que amor. É o complemento do amor que, quando morre, reduz todas as reticências à simples pontos finais. Noites nunca mais serão mal-dormidas, regadas de insensatez. Dias não mais serão cheios de saudade e ansiedade para a noite que está por vir. Porque essa noite será como todas as outras. De sono. E não mais de sonho. Quem ama respira enquanto quem se apaixona – e o melhor, se apaixona todo dia – sempre, sempre inspira.
Então eu grito:
AFRODITE: TRAGA-NOS DE VOLTA A INS-PIRAÇÃO!