Nunca gostei de falar demais durante o horário de almoço e, por isso, estava calada, enquanto o restante “tagarelava”.
- Gosta do número 7?
Depois de alguns olhares confusos, percebi que a pergunta era pra mim.
- Como é?
- Gosta do número 7?
Não havia compreendido as razões daquela pergunta, mas já estava me acostumando com as perguntas imprevisíveis que surgiam à mesa durante nosso almoço, então, não me assustei. Procurei responder com a mesma imprevisibilidade. Consegui.
- Não. Não gosto de números ímpares.
- Deveria gostar.
- E por quê?
- Já reparou que o número 7 está por todos os lados?
- Hein?
- São 7 maravilhas do mundo, 7 cores no arco-íris, 7 pecados capitais, 7 dias na semana, em 7 dias Deus fez o mundo...
Confesso que fiquei em silêncio. Eles continuaram.
- São 7 as camadas eletrônicas de um átomo, 7 notas musicais, de 7 em 7 anos é contada a idade de um cachorro...
Todos, nesse momento, se calaram. Eu tinha olhos curiosos. Pensei em surpreendê-los.
- 7 vidas tem o gato, 7 anões tem na história da Branca de Neve e... Quando compro jornal, sempre vou direto ao jogo dos 7 erros.
Para a minha surpresa, ninguém ficou extremamente surpreso.
- Sabíamos que você era “das nossas”.
Só posso dizer que... No que depender de mim, nossa amizade estará guardada a 7 chaves.