Recomeçaria meus poemas em um caderno novo. Sonharia um sonho em segredo. Guardaria meus segredos. Resguardaria meus sonhos.
Saltaria para um futuro previsível, onde minhas letras redondas fossem histórias e minhas melodias inventadas, canções de amor. Queria mesmo ter o direito de retornar ao passado, sempre que preciso, só para espiar as antigas expiações.
Reinventaria minhas eras. Retornaria apenas aos suspiros e... suspiraria de novo, quantas vezes o coração precisasse. Apagaria os versos que não dizem nada e saltaria um espaço para o silêncio que sempre disse tudo.
Juntaria os pedaços de mim, que me esforço pra ser um quebra-cabeça montado, e desmontaria sem remorso. Tiraria tudo da ordem e reordenaria à minha maneira, sem me preocupar se encaixa ou não.
Rasgaria todas as folhas que não dizem nada ao meu coração. Deixaria apenas cartas, bilhetes, poemas, cifras e contos. E contaria a minha história, a quem quisesse ouvir, através desses escritos.
Assistiria a todos os filmes da minha vida de novo. Gastaria, para isso, o tempo que fosse preciso, sem me questionar se esse tempo é perdido ou ganhado. Declamaria que o tempo é o próprio presente, cujo embrulho a gente guarda embaixo do colchão pra atrair muito mais. Presente é bom.
Deixaria todos os medos na estante e partiria, mesmo que rumo a uma realidade improvável, que só é possível nos meus sonhos. Feliz mesmo é a vida inventada.