segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

TRANSIÇÃO

Não se abraça caminhos novos sem deixar rotas antigas para trás. Nunca foi possível encher a mochila de sonhos sem antes deixar a alma livre. Há escolhas na vida que nos custam caro.

Mas eu escolhi. Em meio a tantas opções irresistíveis e momentaneamente atraentes, eu decidi que percorreria o caminho mais árduo. Masoquismo? Não. O fato é que são justamente as trilhas cheias de pedras que nos levam ao jardim mais amplo.

Por sorte, eu consegui. A jornada foi longa e com poucas pausas. O dia começava muito cedo e não tinha hora pra terminar. Os olhos, por vezes embaçados, percorriam linhas sem entrelinhas. Quase não havia poema. A minha janela esteve fechada. Não vi flores e nem borboletas. Perdi as quatro estações. Mas ganhei um futuro que tem cheiro de pólen e gosto de néctar, o que é muito melhor.


Sei que os próximos dias serão de primavera aqui dentro de mim. Há muitas flores querendo se abrir. E tudo está pronto: o sol brilha, há verde por toda parte e parece que as pedras finalmente ficaram para trás. Até meus sentidos estão mais aflorados. E eu também estou pronta.