Ele procurava por uma brisa suave que pudesse ser enterrada em terra fértil. Se deparou com as ventanias soltas que se recusavam a ser enterradas. As palavras dela não queriam emudecer. As palavras dela nem sempre eram brisa. Eram palavras ao vento. Ele queria ouvir o silêncio dos pensamentos dela. Desejava conhecer a redoma que a protegia dos ventos frios e, atento a todos os sussurros, ouvia o que só o coração sentia e amava o que não se via. Assim. Ele aceitou os seus anseios de menina, carregou os sonhos dela junto aos dele e, com os olhos puros, cativou.
Ela era uma doce criança à espera de um amor para a vida inteira. Um amor como aqueles dos livros que lia. Um amor parecido com aqueles dos filmes que a faziam chorar. Esperava, muitas vezes na janela, por alguém que ficasse. Alguém que simplesmente ficasse. Seria assim tão difícil ficar? Ficar, não ir embora, não deixar só. Era simples. Ela escrevia poesias inocentes endereçadas a esse alguém que ainda não tinha nome. Um alguém que ela ainda não sabia se existia, se falava português, se morava na mesma cidade ou país. Não importava o lugar do mapa. Ela acreditava que o amor transcendia os limites e atravessava todos os passos.
Ele surgiu numa das voltas da vida. Surgiu soprando no céu com sussurros que soavam silenciosos como sílaba suave que não sabe a hora de cessar. Chegou trajado de poeta, propondo ser amigo e se mostrando sonhador. Chegou comprovando todos os poemas e mostrou que ali havia uma emoção que precedia os fatos. Ela acreditava em tudo o que lhe diziam e, talvez por isso, acreditou que aquele amor era tudo o que buscava. Apostou fundo na miragem que se aproximava tanto dos seus sonhos e se permitiu. Entendeu que o que sentia era ainda mais bonito do que os filmes e mais sincero do que os livros. Entendeu que nenhuma palavra jamais descreveria tudo o que acontecia quando ela via todo o seu futuro dentro dos olhos dele. E, entendendo isso, assumiu que ele era passado, presente e futuro. Ele era. Era ele.
Sei que as lembranças hão de lhe importunar vida afora. Sei das inúmeras canções que ainda se encaixam perfeitamente em tudo o que já aconteceu e em tudo o que teria acontecido se ele tivesse ficado. Mas, ao que parece, ficar não é mesmo coisa tão simples. Ficar é mais difícil do que pode parecer. Será possível? “Se passaram anos”, ela repetia para si mesma. Sei que aquela imagem não vai desgrudar do pensamento. Sei que o reencontro será sempre a hipótese inviável. Sei que o amor já acabou, ainda que ela tivesse jurado, em seu nome, que jamais acabaria. Sei que o sol se pôs e a noite escondeu tudo o que ela sentia. Sei que a roda gira e gira sem parar. E num desses giros, ele surgiu. Em outro, ressurgiu.
Mas sobre nós, tenho a dizer que, uma vez desatados, não mais haverá tempo e espaço para que sejam refeitos. Garanto que ela, com toda a infantilidade, apertou o nó com toda força que não tinha. Posso assegurar o quanto ela, a menina, chorou ao ter que ver o mundo rodar. E posso assegurar ainda, com muita convicção, que os olhos correm e que tudo o que é fruto apenas da nossa invenção se vai. E, ainda com a volta, revolta.
Ela era uma doce criança à espera de um amor para a vida inteira. Um amor como aqueles dos livros que lia. Um amor parecido com aqueles dos filmes que a faziam chorar. Esperava, muitas vezes na janela, por alguém que ficasse. Alguém que simplesmente ficasse. Seria assim tão difícil ficar? Ficar, não ir embora, não deixar só. Era simples. Ela escrevia poesias inocentes endereçadas a esse alguém que ainda não tinha nome. Um alguém que ela ainda não sabia se existia, se falava português, se morava na mesma cidade ou país. Não importava o lugar do mapa. Ela acreditava que o amor transcendia os limites e atravessava todos os passos.
Ele surgiu numa das voltas da vida. Surgiu soprando no céu com sussurros que soavam silenciosos como sílaba suave que não sabe a hora de cessar. Chegou trajado de poeta, propondo ser amigo e se mostrando sonhador. Chegou comprovando todos os poemas e mostrou que ali havia uma emoção que precedia os fatos. Ela acreditava em tudo o que lhe diziam e, talvez por isso, acreditou que aquele amor era tudo o que buscava. Apostou fundo na miragem que se aproximava tanto dos seus sonhos e se permitiu. Entendeu que o que sentia era ainda mais bonito do que os filmes e mais sincero do que os livros. Entendeu que nenhuma palavra jamais descreveria tudo o que acontecia quando ela via todo o seu futuro dentro dos olhos dele. E, entendendo isso, assumiu que ele era passado, presente e futuro. Ele era. Era ele.
Sei que as lembranças hão de lhe importunar vida afora. Sei das inúmeras canções que ainda se encaixam perfeitamente em tudo o que já aconteceu e em tudo o que teria acontecido se ele tivesse ficado. Mas, ao que parece, ficar não é mesmo coisa tão simples. Ficar é mais difícil do que pode parecer. Será possível? “Se passaram anos”, ela repetia para si mesma. Sei que aquela imagem não vai desgrudar do pensamento. Sei que o reencontro será sempre a hipótese inviável. Sei que o amor já acabou, ainda que ela tivesse jurado, em seu nome, que jamais acabaria. Sei que o sol se pôs e a noite escondeu tudo o que ela sentia. Sei que a roda gira e gira sem parar. E num desses giros, ele surgiu. Em outro, ressurgiu.
Mas sobre nós, tenho a dizer que, uma vez desatados, não mais haverá tempo e espaço para que sejam refeitos. Garanto que ela, com toda a infantilidade, apertou o nó com toda força que não tinha. Posso assegurar o quanto ela, a menina, chorou ao ter que ver o mundo rodar. E posso assegurar ainda, com muita convicção, que os olhos correm e que tudo o que é fruto apenas da nossa invenção se vai. E, ainda com a volta, revolta.