Sou, por natureza, apavorada. E
confessar isso me apavora ainda mais, porque se expor é doído como romper
redomas. E essa dor me apavora duplamente porque ser assim, tão sincera, às
vezes me custa caro.
E é assim, por mais que eu tente ser
menos. É assim, mesmo que eu prometa não me assustar na próxima vez. Choro como
se fosse criança. Vejo tempestade em gotas d'água. Faço dramas. Amplio
detalhes quase microscópicos. Faço
escândalos por dentro tentando manter a compostura por fora, mas, de repente,
me decomponho e me mostro mais do que deveria.
Sou assim, exagerada. Tenho uma coleção
de receios dentro da bolsa e desejos comprimidos que me sufocam. Meu coração está
sempre roendo as unhas. Mas já me adaptei a mim mesma e à minha incrível
facilidade de entrar em pânico. Já me acostumei em ter o coração fissurado,
depois remendado mil vezes por sonhos novos e um pouco de esperança. Já me
acostumei até mesmo com minha fala atropelada e com minhas cem mil neuras
modernas. E sabe de uma coisa? Não aceito passar pelos segundos sem sentir cada
um deles por inteiro. E não faço questão de me descomplicar.