sexta-feira, 6 de abril de 2012

PARA NÓS

Nós, as mulheres.

Nós e nossa obesidade imaginária. Nossos dias no mês de tensão perpétua. Nosso sexto sentido e todos os outros sentidos além da conta. E, em nome deles, nossa quase mania de perseguição. Nossas intrigas disfarçadas. Nosso desejo extravasado de autonomia e autenticidade. Nossa vontade absurda de ser quem somos, doa a quem doer, se contrapondo ao nosso desejo profundo de mudar tudo do dia para a noite. Nossa vaidade lutando no espelho contra algumas inseguranças tolas. Nossas explosões repentinas. Nossos desejos comprimidos por conveniência. Nosso lado que se esqueceu de virar mulher ameaçando nosso salto alto. Nossas franjas, nossos sorrisos, nossas bolsas de segredos inconfessáveis. Nossas agendas que marcam encontros, consultas e frases bonitas. Nós e cada uma de nossas compulsões. Nossos amores platônicos implorando, dentro de nós, pra que ninguém venha nos lembrar de que a realidade existe, insiste, persiste. Nosso mundo da lua. Nossa vida real. Nosso cotidiano, nossas mentiras, nossas verdades e todo o resto. Todo o nosso resto e tudo o que sobra depois do final de cada dia. Toda mulher é várias.