terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

QUE CHEGUE LOGO A QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Eu não gosto de carnaval. Pois é. Sou jovem e não vejo graça alguma no carnaval. Sou a constatação pura do que é contradição. Adoro cores e até gosto de estar feliz, é bacana. Mas acho que a alegria do carnaval é desespero. Acho que todo mundo no carnaval engana a si mesmo. Quando bebe demais, se droga demais, faz sexo demais, quando beija todo mundo sem saber o nome e sorri o tempo todo, quando soa, quando fede no meio do povão, quando se diz feliz. Carnaval é a melhor enganação que inventaram. O maior desconto pra esse povo pobre e podre que gasta o escasso dinheiro num desafio ao próprio corpo, em todos os sentidos. Numa superação ridícula. Quantos eu consigo beijar numa só noite? Com quantos eu consigo transar no carnaval? Quanto álcool eu consigo beber numa só noitada? Carnaval é sim, a melhor pedida para o brasileiro que insiste na idéia descabida de que ler não é importante. Que ainda acha que muito mais vale diversão do que conhecimento, sendo que até pra diversão ser bacana o conhecimento é necessário. Tudo sem conhecimento não vale nada. E é por isso, exatamente por isso, que o Brasil não vale nada.

Pode parecer meio antipático da minha parte (e na verdade, é), meio anti-social, meio careta e o que mais você quiser que seja. Aliás, diga a meu respeito o que você quiser, tudo bem? É isso aí. Eu não gosto das musiquinhas do carnaval, eu detesto as cantoras que sobem no trio elétrico (e isso inclui SIM, aquela esquizofrênica que se diz Joelma e que todo mundo já está cansado de saber que foi traida pela lua). Acho ridículo o dinheiro que é gasto pelas escolas de samba e mais ridículo ainda aquelas mulheres semi-nuas (as que estão desfilando e as que não estão mas que querem dar).

Resumindo: eu acho o carnaval a data mais besta do calendário. Aliás, quem souber o que é comemorado no carnaval, por favor, me conte. Porque até o dia das bruxas pra mim faz mais sentido.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

SÃO DOIS PRA LÁ, DOIS PRA CÁ.


Nosso zodíaco deve mesmo combinar. Nossos signos devem ser os irresponsáveis – digo, responsáveis – por tamanha atração de almas, corpos e corações. Eu, que andava tão incrédula, encontrei você, que anda sempre tão inalienável, compenetrado. Eu, que sempre gostei que me desafiassem, encontrei você, que me desafia só com o jeito de olhar. Eu te coloco à prova e aprovo. Você me aquece e me enlouquece. Eu te analiso e você me dá um beijo. Você me desembaraça, eu acho graça. Você adivinha o que eu quero e eu, com os dois pés atrás, invento outra coisa pra não confessar que você é quase um bruxo. Você beija meu sorriso e abraça meu coração. Você me invade, eu não aceito. Como é que pode? Que laçada foi essa?

Eu te digo: você é um perigo. Você me diz: você é meu amor. Essa paixão que eu julgava indigerível, agora me mata de fome. Fome desse sabor que é ser de você. Logo eu, que quando criança adorava casos de detetive e aventuras, encontrei você que por si só é um mistério pronto. Um prato cheio pra mim. Uma paixão que nem cabe no peito de uma apaixonada declarada como eu. A paixão por tantas coisas já ocupava todo espaço e agora veio você e eu não sei como encaixar. Que façanha essa sua de inventar de me conquistar. Que coragem essa sua pra despertar tanta coisa em mim que eu te dei certeza que não existia e acabei quebrando a cara. Porque tudo, como você previu, existia. Responde como foi que você entrou assim na minha vida, no meu celular, na minha casa, nos meus dias, nas minhas fotos, nas minhas melhores lembranças, no seleto grupo das pessoas que eu amo de verdade, nos meus pensamentos mais íntimos, nos meus sorrisos, no meu coração? E o meu pára-choque? Nada amorteceu e deixou você chegar assim, sem que eu ao menos percebesse?

Mas agora não me deixe apenas esse meteórico amor. Não me deixe apenas essa incessante interrogação, essa flecha bem no meio do peito e essa lembrança de ápices que não voltam mais. Já não somos os mesmos e nunca mais seremos. E o que eu tenho pra te oferecer é isso aí: palavras bonitas, alguns livros da minha deusa Clarice Lispector (emprestados, sim?), a insanidade em que eu vivo todo dia e a inteira entrega de mim mesma. Pra você.

ps: O Bate-Coração é SIM, um lugar onde eu me exponho e mostro tudo o que sou, que vivo, que sinto, que amo. Mas nem sempre ele me é um diário. Eu escrevo. Não só o que EU vivo. Ainda que eu procure trazer o máximo da minha realidade pra cá, muitas vezes meus textos são frutos do que eu vejo e da maneira com que eu sinto a realidade de outras pessoas também. Agradeço muito as pessoas que tem acompanhado o blog. É um incentivo, uma motivação enorme saber que o que escrevo, de um modo ou de outro, tem tocado alguém. ( :