terça-feira, 23 de novembro de 2010

NOTA SOLTA




Se a inspiração vai embora,

Solto uma nota no fim da página

Ou uma letra no fim da canção

E comemoro


Se não consigo começar do início

Começo então pelo fim
Trocar a ordem é parte do show

O que fazer com a única palavra que sobrou?


Esse show é inteiro meu

Sou eu quem dita cada estrofe dessa canção

É minha a culpa de ser quem eu sou

Então, só aceito a condição


Um acorde se desprende da alma

Sem letra, só música

Silêncio também é poesia

E silenciar também é arte de poeta

Se articular palavras fica difícil

Me perco no acorde ou na escuridão

Claro mesmo é o dia em que escrevo

E envolvo em prosa aquilo que não cabe aqui


Que seja sofrida a rima da saudade

Ou que seja amargo o verso da solidão
Não importa

Ainda é prova de que eu estou viva


No rodapé dessa página só tem amor

É só isso que eu posso garantir

Porque não há amor maior
Que o meu amor de sempre

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A TAL CONSPIRAÇÃO




Está tudo traçado. Só precisamos escolher qual será a nossa canção e, depois disso, o amor já pode entrar em cena. Amor dengoso esse nosso que demora tanto pra se aprontar. A gente precisa mesmo parar de mimá-lo pra que ele, enfim, possa acontecer. Nosso amor tá fazendo hora. Tá mal acostumado e precisando de um susto. Esse nosso amor novinho que brinca, brinca e brinca com a gente porque sabe que sempre continuamos aqui, à sua espera. Vou sumir de você, e fica assim tratado que você também vai sumir de mim. Mas é de mentirinha, só pra enganar o que a gente sente e despertar a tal da saudade. Ah, a saudade! Outra ingrata. Vamos enganar ela também, e fingir que já não sentimos a falta que o nosso amor nos faz, pra ver se ela pára de doer só um pouquinho. Ah, a falta! Por que será que ela não vai embora e leva consigo toda a nossa ausência de nós mesmos? Ah, a ausência! Quando de você, só tenho a dita ausência, é nessa hora que me dói. Ah, as horas! Parecem tão longas quando você não está, que me dá vontade de ser um pouco mais de você pra me contentar. Mas não dá. Se isso estivesse ao meu alcance, juro que faria sem pensar. Ah, as juras! Essas juras que brincam de esconde-esconde com a gente e, quando perdidas, fazem com que a gente também se perca. Porque será que esse enredo insiste em fazer com que a gente fique no ensaio? Porque será que essas personagens, criadas por nós mesmos, querem tanto estragar a nossa cena? Entra em cena agora e muda esse script. O roteiro tá todo pronto, só precisamos da canção e do final feliz.

Perdoa se eu, perdida, te perder de mim em algum momento ou pedir pra que se vá. Perdura nossas promessas de encontro em futuro pardo. Juro que é tudo em prol do nosso amor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

DEIXA O SOL ENTRAR




(...e vem amar.)

A hora de acordar é agora

Vem andar comigo mundo afora

Porque a gente ainda pode ser feliz


Fresta a fresta, vai embora a aflição

Já não tenho medo do escuro

E nem do meu coração


Ninguém melhor que o sol

Pra engolir a noite que passou
Nada melhor que o dia

Pra clarear tudo que ainda restou


Entre nossos erros e acertos
Só tenho um verbo pra te dar

E já dei, lembra?