quinta-feira, 4 de junho de 2009

LUIZ CARLOS.


(Eu poderia inventar um título mais criativo, ou mesmo mais inteligente. Mas, se tratando de você, eu quero as palavras mais simples. Se tratando de qualquer sentimento, é melhor assim. Sentir não se explica.)


Algumas contáveis camisas. Não muitos sapatos. Quase dois metros de altura. Alguns poucos quilos. Muitos livros de história. Três filhos. E paixões sempre vivas. Alguns anos policial. Outros, professor. Mas uma vida inteira de fidelidade aos próprios sentimentos. Cabelos já um pouco grisalhos. Um coração livre de preconceitos e livre de amarras. Idéias inusitadas. Muito conhecimento, muita vivência, muita maturidade e pouca informação inútil. Algumas brincadeiras idiotas (mas até que eu estou me acostumando). E, a partir de hoje, quarenta e sete anos. Ou, como você costuma dizer, quatro ponto sete. Franciscano. Simples de coração.


Às vezes fico pensando o quanto tenho aprendido com você e o quanto você tem mudado a minha vida, a minha visão do mundo, os meus pensamentos (conservadores ou não) e as minhas verdades, que me eram inseparáveis. Você me faz rever meus próprios conceitos e questionar meus próprios ideais. E como esse auto-questionamento tem me feito bem! Não é por causa da revolução russa, nem da segunda guerra mundial e muito menos do renascimento que você tem sido tão importante. Não é por nada disso, que eu poderia aprender com qualquer outra pessoa. Você se torna tão ESPECIAL, no sentido mais amplo, profundo e sincero da palavra, por tudo o que eu nunca aprenderia com outro historiador. Você se torna único por causa das provocações, que têm me levado a pensar, repensar e, na maioria das vezes, chegar a conclusões às quais eu jamais chegaria sozinha.

Me lembro bem do dia em que você me disse que eu sou uma pessoa complicada. Acho que, no fundo, eu sempre quis escutar isso. Fiquei pensando. Bem que você disse que História é do ser humano. Você enxerga as pessoas. E, como que num raio X, enxerga o mais difícil: o coração. Li em “O Pequeno Príncipe” que o essencial é invisível aos olhos. É a sua sensibilidade aguçada que faz do convívio com você algo... Digamos, irresistível. Inovador. Diferente. E sempre, por mais que se passem os anos, sempre novo.


É você que levanta de madrugada pra cobrir os filhos numa noite fria. É você que vai trabalhar de ônibus, mesmo tendo carro. É você que não é vaidoso. É você que conhece o mundo em todos os tempos e nunca duvidou de Deus. É você que não grita. Que não retruca. Não briga. É você que nunca bate de frente. É você que poderia ser e pensar igual a todo mundo, mas escolheu ser diferente e assumir essa diferença. É você que dá valor às coisas mais simples. É você que percebe os pequenos detalhes do dia-a-dia. Os pequenos detalhes das pessoas que nem as próprias pessoas perceberam. É você que acredita nos sonhos. Que acredita na paixão sincera e verdadeira e que espera do mundo algo totalmente diferente.


Eu queria fazer uma coisa muito banal, mas que eu te juro que, neste caso, é de coração. Queria agradecer por você existir. Não sei se agradeço ao Deus, ou à natureza divina ou a você mesmo por, além de existir, insistir em ser quem você é. E eu te garanto que tem valido a pena. Que eu tenho mudado e pra melhor muita coisa em mim por tudo o que você fala e por todas as coisas nas quais você acredita. Eu tenho mesmo muita sorte.


Feliz 4.7!


Silvia Prata

4 de junho de 2009