segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Caixinha Primeiros Socorros




O coração batia forte por dentro do dentro. A gente tentava sorrir, mas minha maquiagem borrou. Dentro dos meus olhos tinha uma lua que expandia a glória. Mas tinha também uma cachoeira que mandava embora a solidão que eu pressentia. Embora estivesse ao seu lado, tudo parecia só e vazio. Porque eu sabia que você não podia ficar. Por isso, escrevi um bilhetinho num papel colorido que tirei do meu bloquinho de anotações. (Mas o que eu escrevi é só nosso.) Te entreguei minhas palavras (é pra sentir, e não pra ler...) e meu cheiro (é pra sentir, e não pra cheirar...). Não se engane: te entreguei quase tudo. Não preciso dos restos de mim pra ser feliz. E nem pra ser triste. Sou um barco a deriva. Um barco cheio de sonhos e de vida. Um barco cheio de amor e incertezas. Mas a correnteza me leva e você não está aqui pra parar. Se procuro dentro de mim, encontro você quase todo, só falta você. Porque é por nós que fecho os olhos e sorrio. É por nós que guardo cada resto seu, agora que só tenho restos. Só tenho o que sobrou dos nossos sonhos. Só tenho o que sobrou da gente.

Mas a minha caixinha é mágica. Não tem devolução, assim como o amor que eu te dou. Não tem validade. Minha caixinha tem a idade dessa distância. E dentro dela estão todos esses restos, pedaços e lembranças que são como um imã no meu coração. E dentro do dentro, existe um amor-imã que, enquanto houver restos, ainda vai sonhar. Por nós...