segunda-feira, 14 de março de 2011

RIO DE JANEIRO


O Rio de Janeiro, cuja capital é carinhosamente apelidada de “Cidade Maravilhosa”, desperta orgulho no coração fluminense, mesmo que seja cenário paradoxal de beleza e dor. A simples palavra “carioca” remete exatamente ao perfil de quem recebe as bênçãos de Cristo: um sujeito alegre, leve, festeiro, dourado, tranqüilo, inspirado, abraçado pelo filho do Criador. Um cidadão de fala e andar inconfundível, que aguarda o Carnaval e guarda a vida, com amor. 

O estado é rico em maravilhas, entre elas, o Cristo Redentor, conhecido e reconhecido mundialmente como uma das sete belezas mais bonitas de ser ver. Assim, o Rio é pão de açúcar, é Maracanã, é praia de Copacabana, é verão que se arrasta, é céu azul, é “calor de quarenta graus”, é Jardim Botânico, é passeio de bondinho, é contraste, é calçadão. O Rio está na cor do corpo, no papel do cartão postal, no brilho dos olhos turistas, nas letras e canções dos poetas, no medo do cidadão, no tumulto, na multidão. Para o carioca, a inspiração é o próprio dia-a-dia, a felicidade é a simples companhia e o samba é muito mais do que um passo de dança. 

A gente vê o Rio no alto dos prédios, no alto dos morros, na sombra de Cristo, na sombra do socorro, no azul do céu e do mar. O Rio está entre o samba e o funk, entre o tiro e o suspiro, entre o vai-e-vem dos povos e o vai-e-vem das ondas, entre a guerra e a paz, entre o sol que queima e a chuva que inunda, entre um prédio no Leblon e um cômodo na Rocinha, entre o quiosque e o horizonte, entre o açúcar do pão e a pimenta do reino. No Rio de Janeiro, não reina sempre a paz. O que se conta de bom é que, mesmo em tempos de guerra, o sol continua a brilhar. E brilha. E o mundo acredita que o Rio vai se salvar. 



ps: Esse texto foi publicado na edição de março da Revista Betim Cultura (RBC), da qual faço parte. Sou responsável pela seção Estados do Brasil e, mensalmente, descrevo um canto do nosso país. A versão online da revista também está disponível aqui.