sábado, 2 de abril de 2011

AH, SE EU PUDESSE!



Recomeçaria meus poemas em um caderno novo. Sonharia um sonho em segredo. Guardaria meus segredos. Resguardaria meus sonhos.

Saltaria para um futuro previsível, onde minhas letras redondas fossem histórias e minhas melodias inventadas, canções de amor. Queria mesmo ter o direito de retornar ao passado, sempre que preciso, só para espiar as antigas expiações.

Reinventaria minhas eras. Retornaria apenas aos suspiros e... suspiraria de novo, quantas vezes o coração precisasse. Apagaria os versos que não dizem nada e saltaria um espaço para o silêncio que sempre disse tudo.

Juntaria os pedaços de mim, que me esforço pra ser um quebra-cabeça montado, e desmontaria sem remorso. Tiraria tudo da ordem e reordenaria à minha maneira, sem me preocupar se encaixa ou não.

Rasgaria todas as folhas que não dizem nada ao meu coração. Deixaria apenas cartas, bilhetes, poemas, cifras e contos. E contaria a minha história, a quem quisesse ouvir, através desses escritos.

Assistiria a todos os filmes da minha vida de novo. Gastaria, para isso, o tempo que fosse preciso, sem me questionar se esse tempo é perdido ou ganhado. Declamaria que o tempo é o próprio presente, cujo embrulho a gente guarda embaixo do colchão pra atrair muito mais. Presente é bom.

Deixaria todos os medos na estante e partiria, mesmo que rumo a uma realidade improvável, que só é possível nos meus sonhos. Feliz mesmo é a vida inventada.