sexta-feira, 2 de setembro de 2011

METÁFORAS E CODINOMES


Quando ela percebeu que era possível – sim, era possível – ler além do que estava escrito, o mundo ganhou novas formas. Entendeu que teria, daquele dia em diante, um carma: enxergar o que quase ninguém vê. Abraçar as figuras da linguagem e todas as linguagens do universo. Naquele momento, houve um encontro (ideal) entre ela, tão pequena, e as palavras, que jamais teriam fim. E, junto do encontro, a grande descoberta: a vida escrita podia ser incrivelmente mais bela do que aquela que se resume na realidade. A síntese de poemas, a máquina dos sonhos, o imaginário. Neles, resumia-se a força vital da sua vida. E seguiu assim. Enganando através de codinomes e contando, por metáforas, alguns segredos. Sobrevivendo do imaginável universo que criara. Universo esse que parecia inimaginável para a maioria. Engolindo os dias como se fossem páginas. Dividindo em parágrafos um texto que não se lê. Assim era feliz: brincando de ser conotativa e fazendo poesia sem perceber.